Assembléia decidirá a possibilidade de deflagrar a greve no Estado
Em meio à greve e às ameaças de paralisação das forças de segurança
pública de várias unidades da Federação, entidades que representam os
policiais e bombeiros pernambucanos realizam, nos próximos dias,
assembleias para decidir a possibilidade de deflagrar greve durante o
carnaval.
A Associação dos Praças de Pernambuco (Aspra), a União dos Militares
do Brasil (UMB) e a Força Única convocaram as duas categorias para uma
assembleia conjunta no próximo dia 17. As entidades alegam que há uma
“grande inquietação e insatisfação dos profissionais com a falta de
respeito e de consideração do governo estadual durante as negociações
salariais do ano passado […] e [há] a necessidade de se debater a
possibilidade de realização de uma paralisação dos bombeiros e policiais
militares pernambucanos durante o período carnavalesco”.
Segundo o soldado Horácio Freire Júnior, da Aspra, não se trata de
uma ameaça, mas a hipótese de uma paralisação não está descartada e
dependerá do encaminhamento da assembleia. Representantes da entidade se
reuniram na manhã desta sexta-feira(10) com o secretário de Defesa
Social, Wilson Damásio.
Os delegados pernambucanos também já falam abertamente em cruzar os
braços durante o período carnavalesco. No edital de convocação da
assembleia da categoria, que será realizada na próxima segunda-feira
(13), a Associação dos Delegados de Polícia de Pernambuco (Adeppe)
indica que o principal fator de descontentamento são “os valores
ínfimos” da remuneração paga por meio do Programa Jornada Extra de
Segurança.
Embora não falem em greve, os agentes penitenciários também realizam
assembleia na próxima terça-feira (14). Convocada em caráter de urgência
pelo Sindicato dos Agentes e Servidores no Sistema Penitenciário de
Pernambuco (Sindasp-PE), a assembleia servirá para discutir outros
temas, mas a reivindicação pela contratação de novos agentes não deve
demorar a entrar em pauta.
“Neste momento, não falamos em paralisação, mas é possível que, muito
em breve, voltemos a discutir a necessária contratação de mais agentes.
Hoje, trabalhamos com um déficit de cerca de 3,7 mil profissionais e
estamos tentando negociar com o governo estadual uma solução”, disse o
presidente da entidade, Nivaldo de Oliveira Júnior. De acordo com ele,
hoje, apenas 1,3 mil agentes cuidam de cerca de 25 mil presos.
Já a Associação dos Cabos e Soldados Policiais e Bombeiros Militares
(ACS) negocia com a Secretaria de Estado de Defesa Social uma pauta com
quatro principais reivindicações, das quais, uma, a que trata da
incorporação da gratificação de risco aos soldos, ainda não foi
atendida. De acordo com o presidente da associação, o cabo Renilson
Bezerra, a incorporação é o item mais complexo da negociação e
importante para a categoria. Embora ainda não haja convocação para
assembleia, uma paralisação não está descartada caso o governo estadual
não dê uma resposta que satisfaça à categoria.
“Quando mais precisa, como, por exemplo, em caso de um acidente de
trabalho ou quando é ferido, o policial afastado da função deixa de
receber este valor, que varia de R$ 450 a R$ 500”, relatou Bezerra, que,
na condição de diretor da Associação Nacional dos Praças, esteve na
Bahia para prestar solidariedade aos policiais baianos, em greve há 11
dias.
De acordo com o sindicalista, a entidade também discute a ampliação
do contingente com a convocação dos aprovados no concurso realizado em
2009; as escalas de serviços e a renovação de equipamentos e fardas,
principalmente dos equipamentos de proteção individual. “Há quem esteja
trabalhando com coletes à prova de bala com a data de validade já
vencida”, alega Bezerra.
O secretário estadual de Defesa Social, Wilson Damázio, diz não haver
justificativa plausível para uma paralisação. “Não há clima, nem
justificativa para isso. Não posso entrar no mérito do que pode estar
movendo este pessoal, em várias partes do país, mas, em Pernambuco, não
vejo condições para que ocorra algo como na Bahia”, disse o secretário,
garantindo que, ao longo dos últimos cinco anos, policiais e bombeiros
receberam aumentos reais, além das perdas inflacionárias, de mais de
50%. "Não há impasse e tenho certeza que os policiais pernambucanos não
vão jamais macular o trabalho que vêm fazendo por conta de um movimento
de outros estados".
“Além disso, melhoramos a situação dos policiais que se aposentam.
Hoje, eles praticamente ganham o mesmo que ganhavam quando na
atividade”, reforçou o secretário.
Um soldado pernambucano recebe, sem as gratificações, R$ 2,1 mil,
valor que será reajustado em junho deste ano. Damázio destaca que, além
de um cronograma de negociações já planejado até 2014, o governo
estabeleceu uma política de promoções e está disposto a negociar
reivindicações pontuais.
“O diálogo é muito franco e as portas da secretaria estão sempre
abertas. Em 2011, as negociações correram muito bem e se não chegamos
àquilo que os profissionais pediam, chegamos próximo, principalmente
pelo resgate dos ganhos dos inativos. Continuamos avançando e temos um
planejamento até 2014. Nosso compromisso é que nenhum policial, qualquer
que seja a patente, ganhe menos na inatividade”.
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