A missão é falar sobre meu pai, Vital Pedro de Andrade, o Índio, mas vou começar pela minha mãe. Nos momentos mais intensos, ela se perguntava de onde vinha tanto gosto pela política. Numa dessas vezes, lembro dela dizendo: “Mas, tua avó, Margarida, disse que ele puxou ao pai dela, José Francisco Veríssimo." Um homem que, segundo minha avó, apreciava a leitura e sempre se animava com as campanhas de Seu Manoel Veiga” É fácil supor que não conheci esse meu bisavô, mas conheci meu pai e o que escrevo aqui é resultado, apenas, de minhas memórias... E é isso que divido com todas e todos aqui presentes.
A primeira memória relacionada a política que tenho de meu pai não é muito clara. É uma memória infantil, daquelas que não consigo detalhar. Acho que é um sentimento ou a expressão de desapontamento em seu rosto após o anúncio da derrota de Lula nas eleições presidenciais de 1989. Cresci folheando um livro sobre o Partido dos Trabalhadores... encantada com a história e as imagens. Herdei uma inclinação política à esquerda, que se fortaleceu com minhas vivências... Gratidão! Embora ele nunca tenha conversado comigo sobre isso, especificamente. Não vou detalhar cada uma de minhas lembranças. Não cabe aqui e vocês não merecem isso (risos).
Vamos às primeiras eleições municipais em Casinhas. Pelos idos de 1996, morávamos em Recife e passamos a vir com mais frequência à Casinhas. Eu era um tanto alheia aos significados daquelas viagens. Mas lembro-me com muita clareza de seu entusiasmo. Ele desdobrava-se entre o trabalho na construção civil e a campanha eleitoral. Ao final, não conseguiu os votos necessários para ser eleito vereador. De 1996 a 2000, ele ocupou a Diretoria de Obras, ligada a Secretaria Municipal de Infra-Estrutura, comandada por João Barbosa Camelo Neto durante a primeira gestão da então prefeita Maria Rosineide Araújo Barbosa.
Em 2000, candidatou-se novamente ao cargo de vereador. Dessa vez, centenas de eleitores depositaram seu voto de confiança e concederam ao preto, filho de Margarida e João Pedro, nascido e criado no Sítio Boi, cortador de jurema e cana, servente de pedreiro, carpinteiro e mestre de obras, a honra de exercer seu primeiro mandato durante a legislatura 2001-2004. Após esse primeiro mandato, ocupou uma das cadeiras da Casa Manoel Veiga, por mais duas legislaturas, contabilizando três mandatos consecutivos como vereador.
Nesse período de vida pública, foi protagonista e, também, coadjuvante de muitas histórias, muito trabalho, alegrias, acertos, erros, e muito mais vitórias que derrotas. Inclusive, foi da derrota ao êxito em poucas horas. Quem não se lembra do candidato a vereador que dormiu perdido e acordou eleito? Bem... meu pai só deixou a Casa Manoel Veiga, quando em 2012, foi indicado pelo grupo do, à época, prefeito do município de Casinhas, João Barbosa Camêlo Neto para compor a chapa majoritária, ocupando o lugar de vice-prefeito. Para falar sobre esse momento bastam-me apenas três palavras: amizade, companheirismo e confiança. Mais uma vez, participou de uma campanha que, embora marcada por inúmeras controvérsias, sagrou-se vitoriosa. Sendo assim, Vital Pedro de Andrade, o Índio, chegou a ocupar, ainda que brevemente o cargo de vice-prefeito de Casinhas.
Sua trajetória política, e, às vezes penso que não poderia ser diferente, findou de mãos dadas com sua vida, no dia 30 de março de 2013.
Comecei esse texto citando minha mãe e em vias de concluí-lo, recorro mais uma vez a ela. Dona Livalda queria que ele sossegasse, não se envolvesse na política com tanta intensidade... Mas isso parecia um acontecimento impossível para quem o conhecia de perto. Não é verdade?!
Painho era um leitor assíduo de jornais. O caderno que mais lhe aguçava o interesse sempre foi o de política. Seus programas favoritos de televisão e rádio, adivinhem, eram os que falavam de política. Sempre atento aos movimentos da política municipal, estadual, nacional e até internacional (risos), simpatizava e torcia por candidatos nos mais variados cenários eleitorais, até mesmo os internacionais.
Voltando às minhas memórias... lembro-me de um homem que tinha fama de articulador, “resolvedor”, trabalhador, honesto e digno da confiança daqueles que a depositavam nele. Ele ensinou a mim e meus irmãos que só devemos querer aquilo que é nosso. Lembro-me de um homem que cometeu erros, como qualquer um dos que estão aqui presentes, mas que também acertou muito. Lembro-me do nosso pai, Leonor e Marlon, que morria de orgulho de nós. Lembro-me do marido querido de minha mãe, do filho de minha avó Margarida e meu avô João Pedro, do irmão de Ivonete, Fátima, José Ramalho, José Natal e José, do tio de muitos sobrinhos, do primo de muitos primos, do cunhado, do padrinho, do compadre, do amigo daquele senhor de chapéu, com mãos de trabalhador, que eu não conhecia, mas que chorou comigo ao lado do túmulo de meu pai e que foi um dos últimos a deixar o cemitério naquele dia. Bem... há exatos quatro anos, meu pai estava aqui nesse mesmo lugar, dividindo com muitos dos que estão aqui hoje, a alegria e a emoção de ser empossado como vice-prefeito desse município. E cá estamos nós, quatro anos depois, rompendo o silêncio dos últimos anos e voltando a pronunciar publicamente o nome de Vital Pedro de Andrade, o Índio.
Meu pai teve amigos e mesmo distante eu posso ver o rosto de alguns dos que estão aqui agora. A memória de Índio está viva e forte. Tão viva quanto cada um de vocês e tão forte quanto as mãos daquele amigo que chorou comigo.
Sou grata pelo pai que tive, pela mãe e família que tenho. À todas e todos que se envolveram e se empenharam para que esse momento acontecesse dedico a minha mais sincera gratidão, em especial ao, agora prefeito João Camelo e à secretária de Educação, Cultura, Juventude e Esportes,Verônica Geriz.
A primeira memória relacionada a política que tenho de meu pai não é muito clara. É uma memória infantil, daquelas que não consigo detalhar. Acho que é um sentimento ou a expressão de desapontamento em seu rosto após o anúncio da derrota de Lula nas eleições presidenciais de 1989. Cresci folheando um livro sobre o Partido dos Trabalhadores... encantada com a história e as imagens. Herdei uma inclinação política à esquerda, que se fortaleceu com minhas vivências... Gratidão! Embora ele nunca tenha conversado comigo sobre isso, especificamente. Não vou detalhar cada uma de minhas lembranças. Não cabe aqui e vocês não merecem isso (risos).
Vamos às primeiras eleições municipais em Casinhas. Pelos idos de 1996, morávamos em Recife e passamos a vir com mais frequência à Casinhas. Eu era um tanto alheia aos significados daquelas viagens. Mas lembro-me com muita clareza de seu entusiasmo. Ele desdobrava-se entre o trabalho na construção civil e a campanha eleitoral. Ao final, não conseguiu os votos necessários para ser eleito vereador. De 1996 a 2000, ele ocupou a Diretoria de Obras, ligada a Secretaria Municipal de Infra-Estrutura, comandada por João Barbosa Camelo Neto durante a primeira gestão da então prefeita Maria Rosineide Araújo Barbosa.
Em 2000, candidatou-se novamente ao cargo de vereador. Dessa vez, centenas de eleitores depositaram seu voto de confiança e concederam ao preto, filho de Margarida e João Pedro, nascido e criado no Sítio Boi, cortador de jurema e cana, servente de pedreiro, carpinteiro e mestre de obras, a honra de exercer seu primeiro mandato durante a legislatura 2001-2004. Após esse primeiro mandato, ocupou uma das cadeiras da Casa Manoel Veiga, por mais duas legislaturas, contabilizando três mandatos consecutivos como vereador.
Nesse período de vida pública, foi protagonista e, também, coadjuvante de muitas histórias, muito trabalho, alegrias, acertos, erros, e muito mais vitórias que derrotas. Inclusive, foi da derrota ao êxito em poucas horas. Quem não se lembra do candidato a vereador que dormiu perdido e acordou eleito? Bem... meu pai só deixou a Casa Manoel Veiga, quando em 2012, foi indicado pelo grupo do, à época, prefeito do município de Casinhas, João Barbosa Camêlo Neto para compor a chapa majoritária, ocupando o lugar de vice-prefeito. Para falar sobre esse momento bastam-me apenas três palavras: amizade, companheirismo e confiança. Mais uma vez, participou de uma campanha que, embora marcada por inúmeras controvérsias, sagrou-se vitoriosa. Sendo assim, Vital Pedro de Andrade, o Índio, chegou a ocupar, ainda que brevemente o cargo de vice-prefeito de Casinhas.
Sua trajetória política, e, às vezes penso que não poderia ser diferente, findou de mãos dadas com sua vida, no dia 30 de março de 2013.
Comecei esse texto citando minha mãe e em vias de concluí-lo, recorro mais uma vez a ela. Dona Livalda queria que ele sossegasse, não se envolvesse na política com tanta intensidade... Mas isso parecia um acontecimento impossível para quem o conhecia de perto. Não é verdade?!
Painho era um leitor assíduo de jornais. O caderno que mais lhe aguçava o interesse sempre foi o de política. Seus programas favoritos de televisão e rádio, adivinhem, eram os que falavam de política. Sempre atento aos movimentos da política municipal, estadual, nacional e até internacional (risos), simpatizava e torcia por candidatos nos mais variados cenários eleitorais, até mesmo os internacionais.
Voltando às minhas memórias... lembro-me de um homem que tinha fama de articulador, “resolvedor”, trabalhador, honesto e digno da confiança daqueles que a depositavam nele. Ele ensinou a mim e meus irmãos que só devemos querer aquilo que é nosso. Lembro-me de um homem que cometeu erros, como qualquer um dos que estão aqui presentes, mas que também acertou muito. Lembro-me do nosso pai, Leonor e Marlon, que morria de orgulho de nós. Lembro-me do marido querido de minha mãe, do filho de minha avó Margarida e meu avô João Pedro, do irmão de Ivonete, Fátima, José Ramalho, José Natal e José, do tio de muitos sobrinhos, do primo de muitos primos, do cunhado, do padrinho, do compadre, do amigo daquele senhor de chapéu, com mãos de trabalhador, que eu não conhecia, mas que chorou comigo ao lado do túmulo de meu pai e que foi um dos últimos a deixar o cemitério naquele dia. Bem... há exatos quatro anos, meu pai estava aqui nesse mesmo lugar, dividindo com muitos dos que estão aqui hoje, a alegria e a emoção de ser empossado como vice-prefeito desse município. E cá estamos nós, quatro anos depois, rompendo o silêncio dos últimos anos e voltando a pronunciar publicamente o nome de Vital Pedro de Andrade, o Índio.
Meu pai teve amigos e mesmo distante eu posso ver o rosto de alguns dos que estão aqui agora. A memória de Índio está viva e forte. Tão viva quanto cada um de vocês e tão forte quanto as mãos daquele amigo que chorou comigo.
Sou grata pelo pai que tive, pela mãe e família que tenho. À todas e todos que se envolveram e se empenharam para que esse momento acontecesse dedico a minha mais sincera gratidão, em especial ao, agora prefeito João Camelo e à secretária de Educação, Cultura, Juventude e Esportes,Verônica Geriz.
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