Se estivesse vivo, o ex-governador de Pernambuco, Miguel Arraes - um dos principais quadros do PMDB e, posteriormente, do PSB - completaria 100 anos nesta quinta-feira (16). O político permanece com uma das principais referências da esquerda no Brasil e teve, desde o início da vida pública, uma relação de proximidade com a cidade de Caruaru, no Agreste de Pernambuco.
No município houve uma intensa participação da Frente Popular de Pernambuco, quando Arraes se uniu a Pelópidas Silveira e procurou em Caruaru o apoio do então prefeito João Lyra Filho. A Frente reunia os principais nomes da esquerda na época e serviu como base para o enfrentamento da Ditadura Militar, instaurada no país a partir de 1964.
Da Frente Popular que teve alicerce em Caruaru e no Recife, entre Arraes e João Lyra, posteriormente surgiram nomes como Fernando Lyra, deputado federal por seis vezes, João Lyra Neto, prefeito da cidade por duas vezes, vice-governador e governador de Pernambuco e o atual prefeito José Queiroz, atualmente exercendo o quarto mandato a frente da gestão municipal.
Todos tendo como base a liderança de Arraes, a base foi fortalecida e a Frente Popular cresceu em Caruaru. Após a volta de Arraes do exílio em 1979, ele viveu uma relação complicada com a Frente Popular em Caruaru, como explica o historiador Arnaldo Dantas. “Em 1982 houve um distanciamento entre Arraes e Fernando Lyra. O motivo foi a articulação feita por Fernando para apoiar o nome de Tancredo Neves na eleição indireta para presidente. Tancredo chegou a dizer que o PMDB dele não era o mesmo de Arraes. E Fernando ficou ao lado de Tancredo”, relembra.
A reaproximação viria em breve. No ano de 1986, na campanha das eleições para o governo de Pernambuco, Miguel Arraes entrou na disputa contra José Múcio Monteiro e venceu José Múcio com de 60% dos votos. Naquele instante a eleição de Fernando Lyra para a Câmara e o mandato de José Queiroz como prefeito de Caruaru foram essenciais para a rearrumação da Frente Popular em Caruaru.
Após a volta do PSB à legalidade em meados da década de 1980, Arraes ingressou no partido em 1990. A decisão dele em renunciar a candidatura ao governo para disputar um mandato de deputado federal deixou a Frente fragilizada. O resultado foi a eleição de Joaquim Francisco. Arraes decidiu voltar a disputar o governo em 1994 e a cidade de Caruaru foi essencial para ele reconquistar o palácio do Campo das Princesas.
Vice de Caruaru
Era necessário um nome oriundo do interior do Estado para deixar a chapa “balanceada”. Filiado ao PSB, desde a reorganização do partido, o escolhido foi o médico Jorge Gomes. O atual vice-prefeito de Caruaru, lembra de como foi a escolha de um nome de Caruaru para compor a chapa.
“Ele [Arraes] ouviu algumas pessoas, mas eu lembro bem que foi uma escolha pessoal. Eu recebi o convite por meio de Eduardo Campos. Eu soube duas semanas antes, mas ele me pediu sigilo e mantive até o fim a discrição, para que não houvesse o vazamento. Foram três conversas até bater o martelo. Foi a maior honra da minha vida política ser o vice de Arraes”, disse Jorge Gomes.
Legado
Além da política o ex-governador deixou como legado várias obras em Caruaru. O atual prefeito, José Queiroz, destaca ações na zona rural do município. “Ele tinha uma estreita ligação com Caruaru. Os projetos de eletrificação foram fundamentais para os prefeitos. Fui gestor duas vezes, com ele no governo. Ele sabia ser parceiro. E tudo isso se soma a grandeza do homem público que ele sempre representou", conta.
Além da política o ex-governador deixou como legado várias obras em Caruaru. O atual prefeito, José Queiroz, destaca ações na zona rural do município. “Ele tinha uma estreita ligação com Caruaru. Os projetos de eletrificação foram fundamentais para os prefeitos. Fui gestor duas vezes, com ele no governo. Ele sabia ser parceiro. E tudo isso se soma a grandeza do homem público que ele sempre representou", conta.
A barragem do Rio da Prata é a mais lembrada obra de Arraes em Caruaru. Atualmente com a entrada do sistema Jucazinho em colapso, a barragem do Prata é o principal manancial que abastece o município. Jorge Gomes lembra como foi a decisão de construir essa obra.
“Tive a honra de participar da construção da barragem do Prata. Se não fosse essa barragem, não apenas Caruaru, mas várias cidades do Agreste estariam em situação de colapso e sendo abastecidas totalmente por carros-pipa. No ano de 1998 a cidade de Caruaru, quando foi entregue essa obra, passou por um amplo desenvolvimento”, lembra.
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