O governador Paulo Câmara (PSB) enfrenta uma rebelião silenciosa na sua base parlamentar. Mais explícito, o primeiro a romper na Assembleia Legislativa foi o deputado Wanderson Florêncio (PSC), que deve ser acompanhado de outros. Dizem que a próxima a tomar o mesmo destino é a deputada Fabíola Cabral (PP), filha do prefeito do Cabo, Lula Cabral (PSB). Em off, todos assumem insatisfação, até mesmo o líder na Casa, Isaltino Nascimento (PSB), o mais estressado.
Falando no programa Roda Viva, ancorado pelo amigo Aldo Vilela, o presidente da Alepe, Eriberto Medeiros (PP), reclamou da falta de diálogo. “Pessoalmente, o governador é muito elogiado pela fidalguia, mas os que estão ao seu redor, principalmente os secretários, não estão fazendo o dever de casa. Está faltando uma conversa franca”, disse. O que tem de sobra no governador em bons tratos falta sem exagero algum na articulação política.
Os deputados estão próximos de aprovar a PEC das emendas impositivas, de autoria do deputado Alberto Feitosa (SD). O Governo torce o nariz quando ouve falar no assunto, tanto que Isaltino, que já tentou barrar com uma emenda, trabalha para evitar que a matéria chegue ao plenário. Mas chegará com amplas chances de aprovação, porque os deputados estão apostando nela como uma janela para a autonomia financeira.
Pernambuco está atrasado nessa questão. Estados mais pobres do Nordeste, como o Rio Grande do Norte, Paraíba e Ceará, já liberam 1,2% da receita com emendas parlamentares, enquanto pelas bandas de cá fica em 0,6%. Com a autonomia de legislar sobre matéria financeira, os deputados se fortalecem, consequentemente, nas suas bases. Os prefeitos são, hoje, os mais entusiastas da PEC de Feitosa.
Quando o Governo encara a proposta como algo diabólico, na realidade quer continuar monopolizando a gestão com um grupo restrito quando, na verdade, deveria adotar a política do governo compartilhado. Um deputado bem tratado e satisfeito nunca cometerá a deslealdade da traição. Pelo visto, entretanto, Câmara não dá sinalizações de que mudará seu estilo de se relacionar com a Assembleia.
Reeleição ameaçada – O líder Isaltino Nascimento tem dado sinais de que vai se abster na votação da PEC das emendas impositivas. Se isso ocorrer, quebra uma tradição. Afinal, nunca se viu líder ficar em cima do muro. Ou ele vota a favor ou contra. Se ficar contra terá um exército de prefeitos e vereadores engrossando o coro contra a sua reeleição. Aliás, para se eleger em 2018, o deputado já encontrou dificuldades. Não fosse a estrondosa e surpreendente votação da deputada Gleide Ângelo (PSB), que puxou mais quatro da coligação, o líder não teria sido salvo.
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