Declaração frustrou a campanha do petista, que esperava um aceno do pedetista
Gustavo Uribe , Marina Dias e Catia Seabra
Terceiro colocado na disputa presidencial deste ano, Ciro Gomes não cedeu aos apelos dos petistas e acabou não anunciando voto em Fernando Haddad, do PT, às vésperas do segundo turno.
Em uma espécie de lançamento informal de sua candidatura em 2022, o cearense gravou um vídeo para dizer que não tomará lado na disputa eleitoral e que, se não pode ajudar, também não irá atrapalhar.
“Todo mundo preferia que eu, com meu estilo, tomasse um lado e participasse da campanha. Mas eu não quero fazer isso por uma razão muito prática que não quero dizer agora. Se não posso ajudar, atrapalhar é que não quero”, disse.
Na gravação, ele deixa claro que sua posição é uma tentativa de preservar um caminho para que a sociedade tenha uma referência no futuro. Também pede mobilização de seus eleitores para defender a democracia.
“O que precisa para o Brasil a partir de segunda-feira é que a gente construa um grande movimento que proteja a democracia e a sociedade mais pobre”, disse.
Ele afirma ainda que estará “na linha de frente” e que “ninguém está obrigado a votar contra convicções e ideologias”. “Não é se queixando e lamentando que vamos resolver isso”, afirmou.
O tom da declaração de Ciro surpreendeu e irritou a campanha de Haddad, que esperava uma manifestação de apoio explícita do ex-governador do Ceará.
Neste sábado (27), Haddad já havia estocado o ex-adversário na corrida ao Planalto. Sem citá-lo nominalmente, o petista afirmou que estava contabilizando os apoios que recebeu até agora e que “nem todo mundo tem coragem de admitir o risco” que Bolsonaro representa.
O candidato do PT vai fazer uma transmissão ao vivo nas redes sociais ainda este sábado, mas aliados dizem que ele não deve fazer nenhum comentário sobre o vídeo de Ciro.
O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, vinha tentando nos últimos dias convencer Ciro a anunciar apoio a Haddad.
Ele argumentava que o cearense não poderia se manter isento em um momento de polarização nacional.
No final, contudo, Ciro deu preferência ao seu projeto político, postura que tem respaldo de seu irmão, o senador eleito Cid Gomes.
A avaliação é que uma associação aos petistas pode prejudicá-lo em futuras disputas eleitorais.
A ideia do partido é lançá-lo candidato já em janeiro, após a posse do novo presidente, dando inicio a uma série de viagens pelo país.
A ideia é que Ciro marque mais presença em Brasília, tentando se viabilizar como a principal voz de oposição ao futuro governo
MagnoMartins
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