Colaboração para o UOL, em São Paulo
- iStock/mustafahacalaki
O Banco Central já prometeu acelerar o ritmo de corte da taxa básica de juros (Selic) nos próximos meses. Analistas projetam taxa abaixo de 10% ao ano no fim de 2017. A medida deverá afetar a rentabilidade da maioria dos investimentos de renda fixa.
Será que está na hora de você repensar suas aplicações e correr mais risco para ganhar mais? Não necessariamente. Especialistas afirmam que ainda há boas opções na renda fixa. Mas é bom se preparar porque esse cenário tende a mudar nos próximos anos e será preciso correr um risco maior para ter melhores rendimentos.
Confira algumas dicas.
1. Preste atenção na relação entre juros e inflação
Os juros estão caindo, mas a inflação também. Ao escolher um investimento, não olhe só os juros pagos. Veja também a expectativa de juros e inflação para os próximos anos e calcule a taxa real de juros (descontando o efeito da inflação).
Existe uma fórmula específica (* veja no fim deste texto) para calcular a taxa real. Porém, com taxas menores, é possível fazer uma conta simples de subtração (juros - inflação), pois o resultado se aproxima bastante daquele obtido com a fórmula.
Os analistas consultados pelo BC preveem que a inflação encerrará o ano em 4,7%, enquanto a projeção para a Selic é de 9,5%. Hoje, a Selic está em 13% ao ano. Logo, o juro real esperado pelo mercado financeiro no fim de 2017 vai cair para cerca de 4,8% (9,5 - 4,7 = 4,8). Busque aplicações que paguem uma taxa real acima disso.
2. Acostume-se com rendimentos menores
Não espere mais taxas de 14% ou 15% ao ano em aplicações prefixadas. Pode ser interessante um investimento que prometa 11% ao ano (ou 6,3%, descontando a inflação) nos próximos dois anos.
"A última reunião do Copom (que cortou a Selic em 0,75 ponto percentual) motivou um forte ajuste para baixo nas taxas de juros. Os rendimentos agora estão mais magros", diz Illan Besen, sócio da consultoria de investimentos BR Advisors.
3. Separe uma parte para investir por mais tempo
As instituições financeiras oferecem um retorno maior se você investir por mais tempo, sem sacar nada no meio do caminho.
O Tesouro Selic (título do governo que acompanha a taxa Selic), por exemplo, oferece boa rentabilidade, com risco muito baixo e excelente liquidez, pois permite sacar o dinheiro de um dia para o outro.
"Quem puder abrir mão da liquidez e investir parte do patrimônio por quatro ou cinco anos vai encontrar papéis com rentabilidade superior ao Tesouro Selic, e com risco muito baixo também", afirma Ricardo Zeno, sócio-diretor da AZ Investimentos. (saiba mais no item 4)
4. Busque CDBs de bancos menores
Ricardo Zeno afirma que CDBs de bancos médios, menos conhecidos, ainda pagam cerca de 118% do CDI (equivalente hoje a 15,2% ao ano), desde que o investimento não seja resgatado antes de quatro anos. O valor mínimo para aplicação normalmente é de R$ 5.000.
A sugestão é buscar um CDB que pague, no mínimo, 100% do CDI para superar o rendimento do Tesouro Selic. Nos bancos grandes, os CDBs estão em torno de 84% do CDI, e a maioria não oferece liquidez diária.
O único alerta do especialista é que o investimento em determinado banco não ultrapasse o teto de R$ 250 mil, coberto pelo Fundo Garantidor de Crédito. "Se a instituição quebrar, você está protegido até esse valor. Isso permite investir em bancos menores, sem correr riscos."
Nenhum comentário:
Postar um comentário