A expressão ‘decoro parlamentar’ frequenta as magnas cartas brasileiras desde a Constituição de 1946. Foi esculpida no texto constitucional para descrever o comportamento cuja inobservância sujeita o deputado ou o senador à perda do mandato. O primeiro caso de cassação por falta de decoro ocorreu três anos depois, em 1949.
Envolveu o deputado Barreto Pinto (1900-1972). Numa entrevista à revista O Cruzeiro, ele se permitiu fotografar em trajes inusuais. Fez pose no gabinete e numa banheira. Da cintura para cima, vestia fraque. Para baixo, estava de cuecas –um modelo samba-canção.
Decorridos 63 anos, encontra-se na berlinda Demóstenes Torres. Seu caso faz lembrar o de Barreto Pinto. Com uma diferença: a realidade sonegou ao senador o anteparo das cuecas. A bordo de uma despida biografia, Demóstenes perambulava em cena recoberto de andrajos. Nesta segunda (26), ficou inteiramente nu.
Num relatório impecável, disponível aqui, o senador Humberto Costa (PT-PE) expôs as vísceras do relacionamento de Demóstenes, o ex-probo, com Carlinhos Cachoeira, o amigo insuspeitado. O texto não trouxe novidades. Seu mérito foi o de empilhar os fatos já conhecidos num fulminante encadeamento de 79 páginas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário