Uma pesquisa realizada em 4.400 municípios brasileiros indica que 63,7%
deles têm problemas na área da saúde por causa do crack. O impacto da
droga também está presente na segurança pública (58,5% de cidades
afetadas) e na assistência social (44,6%), de acordo com a sondagem
divulgada nesta segunda-feira (7) pela CNM (Confederação Nacional de
Municípios).
O presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, afirmou que a primeira pesquisa
para mensurar o impacto do crack será concluída no próximo fim de
semana, mas antecipou que os resultados são "alarmantes". Entre os
problemas gerados pela droga estão o impacto na economia e o crescimento
da violência motivada pelo crack tanto nas áreas urbanas como no campo.
A primeira sondagem da confederação, realizada no ano passado, tratou
da presença nacional do crack: 98% dos municípios brasileiros já tinham
detectado a droga em seus territórios. A novidade desse ano é o
aprofundamento dos dados, que mostram o real impacto da droga nos
municípios. O indicador de saúde é o que mais se aproxima da percepção
do problema, segundo a confederação.
A CNM apontou "falta de estrutura para atendimento de usuários e a
quase unânime falta de recursos financeiros para aplicar em políticas de
prevenção de tratamento, reinserção social e combate ao tráfico.
A maioria dos municípios afetados por drogas em geral fica na região
Sudeste, a mais populosa do Brasil. A CNM indicou que 1.264 cidades
sofrem com o problema. No Nordeste, são 1.108. Sul (952), Centro-Oeste
(354) e Sul (952) aparecem em seguida.
Críticas ao governo
"Nessas cidades, o crack já é majoritário, já traz mais problemas do
que maconha e mais do que cocaína", disse Ziulkoski, que criticou o
governo federal por não contar com um sistema integrado para buscar
esses dados. "Estamos fazendo um esforço, em uma entidade com dois
funcionários. Onde está a estrutura de poder para ajudar?", disse.
O crack foi um dos temas da campanha eleitoral da presidente Dilma
Rousseff. Apesar disso, o dirigente da CNM diz que o Ministério da Saúde
até agora não empregou recursos no enfrentamento do problema. "Não há
uma política da União. Não tem muita desculpa", disse. "Os governadores
também têm culpa. Todos eles, somados, investiram R$ 23 milhões neste
ano. Parece que o assunto é brincadeira.
"As autoridades precisam chamar quem executa, os prefeitos. Não ficar
nas palavras", criticou. "Estamos à disposição do governo federal, mas
os municípios estão fazendo mais do que podem. Se isso não mudar, o
consumo só vai aumentar e o problema só vai se alastrar."