Nordeste vai a Bolsonaro
Por: Magno Martins
Depois de lançarem um violento manifesto contra as políticas propostas pelo presidente Jair Bolsonaro, governadores do Nordeste têm encontro, amanhã, em Brasília, com o chefe da Nação. Em pauta, aspectos relevantes da reforma da Previdência que tramita na Comissão Especial da Câmara dos Deputados. Tratarão também do controle de armas e da emenda constitucional proposta pelo ministro Paulo Guedes (Economia) que torna não obrigatória a vinculação de gastos do Orçamento com educação e saúde.
No último encontro que tiveram em São Luís, os governadores disseram que pretendem dialogar com os 153 deputados federais e 27 senadores da região para pressioná-los a votar no Congresso de acordo com o que descreve a “Carta dos Governadores do Nordeste”. Além de posicionarem-se contra políticas bolsonaristas, os governadores assinaram protocolo que “resultará na criação do Consórcio Nordeste”, uma entidade que terá funções políticas e jurídicas.
A ideia é amalgamar as ações dos chefes de Poderes Executivos da região para que, juntos, tenham mais poder de barganha quando negociarem com o governo federal. Com Bolsonaro, os governadores abordarão outros temas que exigem do governo federal uma articulação com os estados, entre os quais a questão da violência e da implantação do Sistema Nacional de Segurança Pública e Justiça e de assuntos como os regimes especiais de Previdência, que oneram os cofres estaduais.
Todos os governadores nordestinos foram eleitos no campo da oposição a Bolsonaro. Eles querem chegar governadores com propostas para combater o desemprego e promover o crescimento da economia, a partir de uma política industrial focada no desenvolvimento regional. A questão hídrica também está entre as prioridades que entrarão na pauta do encontro.
Os governadores não pedir, por fim, a retomada urgente das obras interrompidas, destacando os setores rodoviário, hídrico e habitacional como motores da geração de emprego e do crescimento econômico. Preocupa também o ‘apagão’ causado pela saída repentina dos doutores cubanos do Mais Médicos. Na visão dos governadores, é “fundamental e imediata” a reposição das milhares de vagas, bem como a ampliação do programa.
Fica com Moro – O senador Fernando Bezerra (MDB), líder do Governo no Senado e relator da medida provisória que reestruturou os ministérios, garante que vai manter em seu relatório o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) no Ministério da Justiça e Segurança Pública. Ele se reuniu ontem com o ministro Sérgio Moro. O Coaf é uma unidade de inteligência financeira do governo federal que atua principalmente na prevenção e no combate à lavagem de dinheiro (crime que consiste na prática de disfarçar dinheiro de origem ilícita). No Congresso, uma parcela dos parlamentares defende a transferência do órgão para o Ministério da Economia.