Oito anos e várias promessas de inauguração depois, será aberto em 2 de
novembro, com a missa de Finados, o megatemplo do famoso padre Marcelo
Rossi, na região de Santo Amaro, zona sul. "Será um novo cartão-postal
de São Paulo", entusiasma-se o sacerdote. "Uma construção para durar 700
anos." Com capacidade para 20 mil pessoas - e mais até 80 mil na área
externa -, será a maior igreja católica de São Paulo.
Para a missa de inauguração, às 11h do dia 2, estão confirmadas as
presenças dos cantores Alexandre Pires e Agnaldo Rayol. Batizado de
Santuário Theotokos - Mãe de Deus, a igreja foi construída em um terreno
de 30 mil m² na Avenida Interlagos. Antes, o local abrigava uma
indústria de cervejas.
Trata-se do quarto endereço das badaladas missas do sacerdote mais pop
do Brasil. Nos outros locais, sempre galpões alugados na região de Santo
Amaro, ele enfrentou uma série de problemas com vizinhos, incomodados
com o barulho dos eventos religiosos e o grande número de peregrinos
católicos.
O terreno definitivo foi comprado em julho de 2004. "Custou R$ 6
milhões", conta padre Marcelo, ressaltando que pagou mais da metade e o
restante foi doado pelo empresário Antônio Ermírio de Moraes. Depois
disso, toda a renda obtida com a venda de seus produtos é revertida à
construção da igreja.
Ainda em 2004 surgiu um parceiro de renome. "O arquiteto Ruy Ohtake
doou o projeto", conta o padre. "Como católico, quero o bem da
humanidade", comenta o arquiteto. "Quando elaborei o projeto, desenhei o
espaço procurando reflexão e meditação."
O que seria um presente acabou se revelando um problema. "Com o projeto
cheio de curvas, tudo passou a custar dez vezes mais", diz o padre. Ele
não revela, de jeito nenhum, o valor gasto nas obras. De acordo com
suas contas, o templo terá capacidade para 100 mil pessoas. "Será o
maior do mundo", exagera - na Basílica de São Pedro, no Vaticano, cabem
60 mil fiéis apenas na área interna. Ohtake é mais comedido: diz que a
igreja comportará em torno de 20 mil pessoas, mais 60 mil no pátio
descoberto.
A maquete foi apresentada em dezembro de 2004. No projeto, uma cruz de
44 metros de altura que pode ser vista a 1 km de distância. Tudo em
estilo moderno contemporâneo, bem longe da estética tradicional dos
templos do catolicismo. Graças às curvas, o pé-direito varia de 6 a 25
metros. A marca principal é o altar, de 5 metros. Outro ponto nobre: uma
cripta, sob o altar, onde serão guardados restos mortais de padres e
bispos da Diocese de Santo Amaro.
Foram muitas as promessas de inauguração: novembro de 2005, maio de
2006, Natal de 2006, julho de 2007 e... "Será em algum agosto. O de
Deus", passou a esquivar-se, de quatro anos para cá.
Ao jornal "O Estado de S. Paulo", o padre contou que dinheiro foi o
principal problema. "Em 2009, em um almoço, d. Fernando (Figueiredo,
bispo de Santo Amaro) disse que nem com décadas de venda de CDs
conseguiríamos pagar o Santuário", relata. "Fiquei muito chateado." Mas o
padre foi salvo por um best-seller. Lançado em 2010, o livro Ágape
vendeu 8,2 milhões de cópias. E trouxe na esteira outros sucessos: o CD
Ágape (1,9 milhões de cópias vendidas), o livro infantil Agapinho (600
mil), o DVD Ágape Amor Divino (302 mil) e o CD de mesmo nome (283 mil).
"Isso tudo viabilizou nossa obra", conta.
Considerado um polo gerador de tráfego por reunir mais de 500 pessoas, o
santuário teve de cumprir uma lista de exigências da Companhia de
Engenharia de Tráfego (CET) para reduzir impactos no trânsito. Mas o
pacote de obras viárias não tem alcance para evitar longos
congestionamentos em dias de maior movimento. O órgão solicitou apenas
instalação de semáforos, placas de sinalização, câmera de monitoramento e
guias rebaixadas, entre outras medidas paliativas.
Erguida em uma das vias mais congestionadas da cidade, a igreja tem
acesso pelo corredor norte-sul ou pela Marginal do Pinheiros. Segundo os
responsáveis pela obra, a maior parte dos fiéis usa fretados ou
transporte público. Nesse caso, a preocupação recai sobre o tamanho do
estacionamento para ônibus.