Segundo boletim divulgado pela Secretaria de Saúde de Pernambuco, nesta terça-feira (4), testes laboratoriais deram positivo para mais dois doentes.
Por G1 PE
Subiu para 27 o número de pacientes que estão recebendo tratamento para doença de Chagas em Pernambuco, de acordo com o boletim divulgado nesta terça-feira (4) pela Secretaria Estadual de Saúde. Desse total, 22 pessoas tiveram testes laboratoriais positivos e cinco vítimas foram avaliadas pela descrição dos sintomas.
O maior surto da doença de Chagas na fase aguda em Pernambuco veio à tona no dia 31 de maio, quando a secretaria confirmou os resultados laboratoriais de 20 pessoas e cinco diagnósticos por meio dos sintomas apresentados. Os doentes fazem parte de um grupo de 77 pessoas que participaram de um retiro religioso, em Ibimirim, no Sertão, durante a Semana Santa. (Veja vídeo abaixo)
Com 20 casos confirmados de Chagas, Pernambuco registra maior surto da doença na fase aguda
Ao contrário dos pacientes que estão na fase crônica da doença, a perspectiva de cura dos pacientes contaminados no retiro existe porque eles apresentam a doença na fase aguda, segundo o médico Wilson Oliveira, da Casa de Chagas.
No boletim, a Secretaria de Saúde informa que 62 integrantes do grupo fizeram coleta de sangue para análise. O material está sendo avaliado pelo Laboratório Central de Pernambuco (Lacen-PE), no Recife, e pelo Laboratório da VI Gerência Regional de Saúde (Geres), com sede em Arcoverde, no Sertão.
Desses, nove foram internados no Hospital Oswaldo Cruz (Huoc), em Santo Amaro, na área central do Recife. Três tiveram alta e os outros seis seguem internados, em situação estável, ainda segundo o governo.
Todos os pacientes em tratamento receberam o medicamento Benzonidazol, produzido pelo Laboratório Farmacêutico de Pernambuco (Lafepe).
Barbeiro é o transmissor da Doença de Chagas — Foto: Toni Francis/G1 Barbeiro é o transmissor da Doença de Chagas — Foto: Toni Francis/G1
Barbeiro é o transmissor da Doença de Chagas — Foto: Toni Francis/G1
Investigação
O governo informou, ainda, que realiza busca ativa dos participantes do evento, em parceria com a prefeitura de Ibimirim. Além disso, organiza o atendimento de todas as pessoas que participaram do retiro.
A secretaria ressalta que o trabalho tem o objetivo de descobrir a provável forma de transmissão da doença. Técnicos fizeram vistorias na área onde ocorreu o retiro. O governo diz que não foram encontrados barbeiros nem vestígios dos insetos, vetores que podem ser os responsáveis pela transmissão da doença.
Outra linha de investigação aponta para uma possível contaminação por meio da ingestão de alimentos contaminados. Por isso, também estão sendo visitados os locais que forneceram comida para os participantes do evento.
Doença
A doença de Chagas é causada pelo protozoário Tripanossoma cruzi, cujo vetor é o barbeiro. Outra forma de transmissão é por meio de alimentos contaminados.
Entre os sintomas estão febre contínua, intermitente e prolongada por cerca de sete dias, edema de face ou de membros, manchas vermelhas na pele, inchaço de gânglios, inflamação de fígado ou de baço, além de problemas cardíacos agudos.
Também podem acontecer manifestações hemorrágicas, icterícia, náusea, perda ou diminuição de força física, dor nas articulações, edema inflamatório nas pálpebras ou dor estomacal.
Diagnóstico
Na segunda-feira (3), o infectologista Felipe Prohaska informou que o exame conseguiu detectar a presença do Tripanossoma no sangue de 20 pacientes do grupo. O médico, que acompanha os doentes no Hospital Oswaldo Cruz, disse que esse fato surpreendeu a equipe médica.
Segundo o especialista, isso é considerado raro. O infectologista apontou que nos outros cinco pacientes o exame deu negativo, o que não exclui a doença. Ele ressalta que a história clínica do paciente é suficiente para tratar o caso como enfermidade. (Veja vídeo abaixo)