Copom decide nova taxa nesta quarta, mercado prevê corte de 0,5 ponto.
Após abater inflação, taxa deve ser de 4,9% ao ano, ainda recorde mundial.
A Selic, taxa básica de juros da economia brasileira, atualmente em
11% ao ano, deve ser reduzida para 10,5% ao ano pelo Comitê de Política
Monetária (Copom) do Banco Central, que realiza seu segundo dia de
reuniões nesta quarta-feira (18), de acordo com a estimativa dos economistas das instituições financeiras.
Caso a previsão do mercado se confirme, será o menor patamar desde
junho de 2010 (10,25% ao ano). O anúncio sobre a taxa de juros
acontecerá após as 18h desta quarta, em comunicado do Banco Central.
Mesmo a taxa atingindo o menor valor em pouco mais de um ano e meio, em
termos reais, ou seja, após o abatimento da inflação prevista para os
próximos doze meses, os juros brasileiros ainda permanecerão no maior
patamar do mundo.
Levantamento do economista Jason Vieira, da corretora Cruzeiro do Sul,
em parceria com Thiago Davino, analista de mercado da Weisul Agrícola,
mostra que os juros reais brasileiros atingirão 4,9% ao ano com o corte
de 0,5 ponto percentual na taxa básica da economia brasileira, para
10,5% ao ano, previstos pelos economistas dos bancos brasileiros. Deste
modo, ainda permanecerão bem acima do segundo colocado (Hungria, com
2,8% ao ano) e do terceiro (China, com 2,4% ao ano). A taxa média de
juros de 40 países pesquisados está negativa em 0,9% ao ano.
Porque os juros são altos no Brasil?
Segundo o professor Samuel Pessoa, da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e
da Consultoria Tendências, os juros são altos no Brasil, em comparação
com outros países, por conta do baixo nível da poupança brasileira,
atualmente em cerca de 17% do Produto Interno Bruto (PIB).
"Os juros altos são consequência do excesso de demanda sobre a oferta.
Tem de olhar porque existe a tendência de os investimentos serem mais
altos do que a poupança no Brasil. Isso gera excesso de demanda no
mercado de bens e serviços. O que explica o juro alto no Brasil é a
baixa poupança. O Brasil poupa muito pouco. Se o pessoal poupasse mais, e
gastasse menos, os juros seriam menores", explicou ele.
Caso a economia feita pelo governo para pagar juros da dívida pública
(o chamado "superávit primário") continue em cerca de 3% do PIB nos
próximos anos, Pessoa diz que será possível continuar baixando os juros
natualmente nos próximos anos.
"Em um horizonte de cinco a seis anos, os juros brasileiros devem estar
mais próximos do resto do mundo. Mesmo porque tem o compromisso da
presidente [Dilma Rousseff] em reduzir os juros. Ela quer fazer isso. É
uma das marcas que ela quer imprimir ao seu governo e está fazendo todo
esforço possível para criar espaço no orçamento para que a poupança
pública se eleve", declarou.