Agência Mural preparou um guia com dúvidas sobre funcionamento e viabilidade do novo programa de distribuição de renda do governo federal
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Por: Redação
Publicado em 08.11.2021 | 18:08 | Alterado em 23.11.2021 | 19:10
Após 18 anos de Bolsa Família e um ano e meio de Auxílio Emergencial, o governo federal anunciou um novo programa de distribuição de renda: o Auxílio Brasil. O projeto entra em vigor já neste mês de novembro, mas tem deixado uma série de dúvidas.
O objetivo é que todos os beneficiários do novo programa recebam pelo menos R$ 400 por mês até dezembro de 2022. Até agora, no entanto, o governo ainda não conseguiu os recursos necessários para cumprir a promessa e o valor pago em novembro será apenas um reajuste do extinto Bolsa Família.
Nos próximos meses, para completar os R$ 400 prometidos pela gestão de Jair Bolsonaro (sem partido), o governo pretende criar um benefício temporário, que será válido até 2022, ano das eleições. Ainda não se sabe o que acontecerá com o programa a partir de 2023.
Para explicar os principais pontos do Auxílio Brasil, a Agência Mural conversou com especialistas e preparou um guia com perguntas e respostas sobre o programa. Confira:
Apesar disso, o governo condiciona a ampliação do programa à aprovação da chamada PEC (Proposta de Emenda à Constituição) dos Precatórios, que abrirá espaço no orçamento.
O Benefício Composição Familiar será oferecido para famílias com gestantes ou com filhos entre três e 21 anos. O valor pago será de R$ 65 por integrante, sendo limitado a no máximo 5 beneficiários por família. Para receber o pagamento, as crianças e jovens precisam estar matriculados na educação básica e com a vacinação em dia. Para as gestantes, é obrigatória a realização do pré-natal.
Já o Benefício de Superação da Extrema Pobreza é direcionado às famílias que atendam aos critérios anteriores, mas ainda assim continuem abaixo da linha da extrema pobreza. O benefício será cumulativo com os demais.
– Auxílio Esporte Escolar: Será oferecido para estudantes com idades entre 12 e 17 anos incompletos, cujas famílias estejam cadastradas no Auxílio Brasil, e que tenham se destacado em competições oficiais dos jogos escolares brasileiros. As famílias receberão 12 parcelas mensais no valor de R$ 100 e mais uma parcela única de R$ 1000.
– Bolsa de Iniciação Científica Júnior: Será destinado para estudantes com destaque em competições acadêmicas e científicas e que sejam beneficiários do Auxílio Brasil. Também será pago em 12 parcelas mensais de R$ 100 ao estudante e mais uma parcela única de R$ 1000.
– Auxílio Criança Cidadã: É como um auxílio creche. Será pago para um responsável da família, que tenha crianças de até dois anos incompletos, não tenha conseguido vaga na rede pública ou privada conveniada, e esteja trabalhando. O valor será de R$ 200 para as famílias com crianças matriculadas em turno parcial; e R$ 300 para as matriculadas em turno integral.
– Auxílio Inclusão Produtiva Rural: Será oferecido por até três anos para os agricultores familiares que recebem o Auxílio Brasil. Depois dos três primeiros meses, será condicionado à doação de alimentos para famílias em vulnerabilidade. O valor será pago em parcelas mensais de R$ 200.
– Auxílio Inclusão Produtiva Urbana: Será oferecido para aqueles que estiverem no Auxílio Brasil e comprovarem vínculo de emprego. Limitado a um beneficiário por família e pago em parcelas mensais de R$ 200.
– Benefício Compensatório de Transição: Será oferecido às famílias que eram beneficiárias do programa Bolsa Família e que tiveram redução no valor financeiro total dos benefícios recebidos com a mudança para o Auxílio Brasil.
Alguns dos programas previstos dentro do Auxílio Brasil, como o Auxílio Esporte Escolar e o Bolsa de Iniciação Científica Júnior, já existiam, porém não eram oferecidos como valor adicional ao Bolsa Família.
Contudo, o Cadastro Único, que é feito a partir dos CRAS (Centros de Referência de Assistência Social) de cada cidade, também é necessário para serviços como isenção de taxa em concursos e acesso à tarifa social de energia elétrica.
O economista e diretor da FGV (Fundação Getulio Vargas) Social, Marcelo Neri, explica que o Bolsa Família foi reduzido nos últimos anos e que seria necessário um reajuste de mais de 30% no valor para recuperar as perdas com a inflação. O reajuste do Auxílio Brasil será de apenas 17,84%.
“O que a gente tem de concreto é um reajuste muito menor que a perda histórica que houve. O programa [Auxílio Brasil] é mais complexo na parte estrutural e ainda tem toda essa parte emergencial. Não é à toa que as pessoas se confundem. O mercado, de alguma forma, não gosta dessas incertezas, mas eu diria que a população de baixa renda menos ainda”, conta Neri.
Regiane Vieira Wochler, mestre em economia política pela PUC (Pontifícia Universidade Católica), lembra também que o fim do Auxílio Emergencial deve ter um impacto grande para a população. “O novo Auxílio Brasil deixa pelo menos 40 milhões de pessoas de fora”, explica.
Mais de 60 milhões de pessoas receberam o Auxílio Emergencial no ano passado. O programa foi encerrado este ano.
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